"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta,que me inserena busca, não aprendo nem ensino".
( Paulo Freire )
Começo a reflexão de hoje inspirada nas palavras de Sarmento (2012), que entendo como provocadoras porque criam fissuras nas certezas instaladas e nos fazem questionar o modo como nos posicionamos e como nos comprometemos nos momentos críticos de transformação e de mudança. Diz este autor:
Talvez a educação infantil não aprenda suficientemente com as crianças esse jeito de olhar e meter os dedos para tirar a figura com que se desenha a vida. Talvez a educação infantil esteja demasiadamente presa aos modelos que conformam as práticas cotidianas, que estabelecem as rotinas, que estruturam os projetos pedagógicos e que regulam a organização do espaço, do tempo, das atividades e das avaliações. Talvez a educação infantil não costume ver e escutar, de forma atenta e interessada, os gestos das crianças e o modo como elas interpretam o que fazem, o que sentem e o que dizem. Na repetição cíclica dos mesmos movimentos, talvez não atenda suficientemente a quem os faz e o que neles ocorre de sentido e novidade (Sarmento, 2012)*.
Este pensamento serve de mote para a partilha e reflexão daquilo que hoje fizemos em torno do documento sobre as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar.
Na verdade, parece certo afirmar que aquilo que nos mobiliza como grupo é, por um lado, a nossa identidade profissional e, por outro, consideramos que a participação na construção de um documento desta natureza é, simultaneamente, um direito e um dever que nos assiste.
Nesta perspetiva, procurámos que a nossa análise se centrasse na salvaguarda dos direitos da criança, nomeadamente o direito a brincar. Para fazermos esta análise de uma forma mais profunda e reflexiva contamos com a presença de uma especialista na área, a Professora Natália Fernandes, docente do Instituto de Educação da Universidade do Minho. A heterogeneidade do grupo (pelo local de trabalho, funções, experiência profissional...) foi também um fator estimulante e enriquecedor que ajudou a alargar o debate e a compreender as questões tendo em conta diferentes pontos de vista.
Embora o principal enfoque do debate se tenha centrado nos fundamentos e princípios da pedagogia para a infância, as questões da avaliação e da articulação constituíram também uma fonte de inquietações. A extensão do documento e pertinência das reflexões partilhadas geraram a necessidade de se fazer uma análise mais profunda, individualmente ou em grupo de pares no contexto de trabalho, que torne possível a elaboração de uma síntese, que será enviada para o Ministério da Educação.
O próximo encontro será realizado dia 28 de Maio, no mesmo local.
* Sarmento, M. (2012). Construir a educação infantil na complexidade do real. Pátio - Revista de Educação Infantil, nº 32. Porto Alegre, jun/set.
https://www.youtube.com/watch?v=NdfZTeAp5Tg
Ola Ana, Só hoje é que a descobri aqui. Vou passar a espreitar regularmente.Obrigada pelas partilhas.
ResponderEliminar(Tb já descobri o Pedagogia! :)
Um abraço amigo
Ana Barroca