domingo, 29 de maio de 2016

 Ensinar exige consciência do inacabado
Como professor crítico sou predisposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada em minha experiência docente deve necessariamente repetir-se. A inconclusão é própria da experiência vital. Quanto mais cultural o ser, maior o suporte ou espaço ao qual o ser se prende “afetivamente” em seu desenvolvimento. O suporte vai se ampliando, vira mundo e a vida, existência na medida em que ele se torna consciente, apreendedor, transformador, criador de beleza e não de “espaço” vazio a ser preenchido por conteúdos.
Freire Paulo (2011). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
43. ed., São Paulo: Paz e Terra. 



No sábado passado, dia 28 de maio, regressámos ao Centro Escolar do Fujacal para o nosso encontro habitual. 
Desta vez o grupo era mais pequeno! Contudo foi uma manhã muito intensa! 
Sentadas ao redor da mesa grande, tomando como empréstimo a expressão de Teresa Vasconcelos, continuámos a refletir em torno das orientações curriculares. 
Partilhámos dúvidas, ideias, pontos de vista. Em diálogo reflexivo defendemos diferentes ideias sobre aspetos comuns - ninguém é detentor de uma verdade absoluta! 
Os diferentes pontos de vista em debate serviram, por um lado, de pretexto para alargar os conhecimento de cada uma e, por outro, de suporte para uma compreensão mais realista de que diferentes contextos exigem diferentes respostas. Acreditámos, neste grupo, que pensar diferente mobiliza o debate, coloca desafios, ajuda a criar consensos, não do sentido de uniformizar mas no sentido de encontrar respostas mais coesas e mais coerentes.
Assim, num ambiente amigável e descontraído, fomos debatendo problemas do nosso quotidiano, partilhando formas de os resolver, apoiando-nos mutuamente. 
Para complexificar e enriquecer o debate procurámos estabelecer conexões entre o documento sobre as Orientações Curriculares e o Referencial Dimensão Europeia da Educação para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico e o Ensino Secundário recentemente publicado pelo Ministério da Educação. Em grupo, analisámos alguns pontos e identificámos possíveis desafios. 
Por essa razão, o próximo encontro será organizado no sentido de debatermos as questões suscitadas pela leitura mais atenta dos dois documentos.




sábado, 16 de abril de 2016



"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta,que me insere
na busca, não aprendo nem ensino". 
( Paulo Freire )



Começo a reflexão de hoje inspirada nas palavras de Sarmento (2012), que entendo como provocadoras porque criam fissuras nas certezas instaladas e nos fazem questionar o modo como nos posicionamos e como nos comprometemos nos momentos críticos de transformação e de mudança. Diz este autor: 
Talvez a educação infantil não aprenda suficientemente com as crianças esse jeito de olhar e meter os dedos para tirar a figura com que se desenha a vida. Talvez a educação infantil esteja demasiadamente presa aos modelos que conformam as práticas cotidianas, que estabelecem as rotinas, que estruturam os projetos pedagógicos e que regulam a organização do espaço, do tempo, das atividades e das avaliações. Talvez a educação infantil não costume ver e escutar, de forma atenta e interessada, os gestos das crianças e o modo como elas interpretam o que fazem, o que sentem e o que dizem. Na repetição cíclica dos mesmos movimentos, talvez não atenda suficientemente a quem os faz e o que neles ocorre de sentido e novidade (Sarmento, 2012)*. 
Este pensamento serve de mote para a partilha e reflexão daquilo que hoje fizemos em torno do documento sobre as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar.  
Na verdade, parece certo afirmar que aquilo que nos mobiliza como grupo é, por um lado, a nossa identidade profissional e, por outro, consideramos que a participação na construção de um documento desta natureza é, simultaneamente, um direito e um dever que nos assiste. 
Nesta perspetiva, procurámos que a nossa análise se centrasse na salvaguarda dos direitos da criança, nomeadamente o direito a brincar. Para fazermos esta análise de uma forma mais profunda e reflexiva contamos com a presença de uma especialista na área, a Professora Natália Fernandes, docente do Instituto de Educação da Universidade do Minho. A heterogeneidade do grupo (pelo local de trabalho, funções, experiência profissional...) foi também um fator estimulante e enriquecedor que ajudou a alargar o debate e a compreender as questões tendo em conta diferentes pontos de vista. 

Embora o principal enfoque do debate se tenha centrado nos fundamentos e princípios da pedagogia para a infância, as questões da avaliação e da articulação constituíram também uma fonte de inquietações. A extensão do documento e pertinência das reflexões partilhadas geraram a necessidade de se fazer uma análise mais profunda, individualmente ou em grupo de pares no contexto de trabalho, que torne possível a elaboração de uma síntese, que será enviada para o Ministério da Educação.



O próximo encontro será realizado dia 28 de Maio, no mesmo local.

* Sarmento, M. (2012). Construir a educação infantil na complexidade do real. Pátio - Revista de Educação Infantil, nº 32. Porto Alegre, jun/set.

https://www.youtube.com/watch?v=NdfZTeAp5Tg





sábado, 2 de abril de 2016


Sair do isolamento profissional  e caminhar em (co)laboração...um projeto partilhado 


Hoje, um grupo de educadoras de infância, reuniu-se na livraria Centésima Página, em Braga - um espaço privilegiado da nossa cultura local - para iniciar um projeto de autoformação profissional. 

Somos um pequeno grupo de educadoras empenhadas em participar ativamente nos debates e nas discussões sobre a educação de infância no nosso país. 
Queremos ter voz nos assuntos que nos dizem respeito, falar da nossa identidade profissional, reafirmar o nosso papel na vida das crianças, das família e na sociedade...
Queremos criar um forum para a reflexão, criar sinergias, estabelecer redes de conexão...
Queremos ser escutadas numa sociedade de ruído que não leva a sério aqueles que são mais vulneráveis, as crianças e, por inerência, não levam a sério o oficio dos seus professores! 

É um projeto embrionário...não sabemos ao certo onde vamos chegar mas sabemos que iniciamos um trajeto...sabemos que nos estamos a envolver...

Sentimos que em colaboração temos mais força para fazer a diferença na vida das nossas crianças, para defendermos e garantirmos os seus direitos...o direito a ser criança, o direito a brincar, o direito a ter voz...

Somos um grupo pequeno de "mãos abertas" para acolher quem quiser participar! 

O próximo encontro será realizado no dia 16 de Abril às 10 horas no Centro Escolar do Fujacal.